14 de fevereiro de 2013

AMOTE (Fernando Alvim)


Não percebo porque é que "amo-te" se escreve desta forma: amo-te! Quando deveria ser desta: amote. Amo-te não deveria ter hífen ou tracinho, como se costuma dizer. O amote de que falo, este, não deveria ter espaço, para que nenhuma letra respirasse, para que ficassem ali as letras apertadinhas de forma a não caber mais nenhuma. Porque a verdade é que, quando se ama alguém, não cabe mais ninguém ali. Porque não há espaço. Porque as letras estão literalmente sufocadas por essa palavra que se deveria escrever apenas e só assim: Amote.

Fernando Alvim

[Fotografia de Dimitar Variysky]
Publicado originalmente no livro Não és tu, sou eu
Em destaque e em promoção na Cego Surdo e Mudo Edições.









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